Querer ser Amado(a) Não é o mesmo que Amar...
Vale a pena insistir em alguém que nos ama, mesmo quando não sentimos o mesmo?
Sabe… desde sempre eu sonhei com um amor de cinema:
Desses que tiram o fôlego, fazem o coração disparar e colocam borboletas para dançar no estômago com um simples olhar.
Aquele tipo de amor que te arrebata, te consome como a chama de uma vela e, ainda assim, te transforma na melhor versão de si mesmo. Um amor que não apenas aquece, mas incendeia. Que não apenas acompanha, mas te convida a voar.
Talvez por isso, tantas vezes, eu tenha me sentido frustrado em meus relacionamentos. Não que eu tenha vivido dezenas de histórias intensas ou colecionado paixões épicas… o problema é que, quase sempre, as coisas simplesmente não fluíam o suficiente para que eu sequer cogitasse algo mais profundo.
Porque, às vezes, a vida coloca em nosso caminho alguém gentil, carinhoso, disposto a mover montanhas para nos fazer sorrir… mas que, por alguma razão cruel, não provoca nenhum incêndio no peito. E isso, por mais injusto que pareça, é suficiente para fazer a alma recuar.
Sempre acreditei que amor não se força:
Nunca fui fã dessa ideia de que o amor se constrói com o tempo. Sempre achei que isso era mais uma desculpa para manter vivo o que, no fundo, já nasceu morno. E, no entanto, me peguei, tantas vezes, tentando construir castelos onde não havia alicerce.
A gente se vê tão desesperado por ser amado que aceita continuar conversando com alguém que não faz o coração bater mais rápido. Alguém que te ouve, que presta atenção, que parece, enfim, disposto a te fazer feliz… mas que não desperta aquele frio na barriga. E aí me pergunto: o problema está neles? Ou em mim?
Será que minhas expectativas foram moldadas demais por páginas de livros e finais felizes em tela grande? Será que esse amor arrebatador é apenas uma ficção bem contada? Ou será que eu apenas não encontrei a pessoa certa?
Vale a pena insistir em alguém que nos ama, mesmo quando não sentimos o mesmo?
Talvez estejmos tão famintos por afeto que aceitamos migalhas, esperando que com o tempo, o sentimento floresça. Quem sabe o amor possa, sim, ser cultivado? Um amor sereno, seguro. Que não nos tira do chão, mas que segura firme nossa mão enquanto caminhamos.
Lembro de uma cena em um dos meus filmes favoritos, Adoráveis Mulheres, em que Jo March confessa à mãe que se arrepende de ter rejeitado Laurie, seu melhor amigo que se declarou apaixonado por ela. A mãe, com a doçura de quem sabe das coisas, pergunta: “Mas você o ama?” Jo, depois de hesitar, diz que tem mais medo de ficar sozinha e que se importa mais em ser amada . E sua mãe, com um sorriso triste, responde: “Isso não é o mesmo que amar”.
Essa cena sempre mexeu comigo. Porque, assim como Jo, tantas vezes eu apenas quis ser amado. E mesmo quando alguém se declarou pra mim, quando saí para encontros, quando tentei me abrir... quando as coisas começavam a ficar mais sérias, percebia: eu ainda não amava. E me perguntava: por que continuar, então?
Essa dúvida começou a pesar mais no coração:
Numa noite comum, comendo pizza com minhas melhores amigas. No meio da conversa, uma delas — aquela que namorava desde o ensino médio — contou que havia sido pedida em casamento. E por um acaso do destino, eu mesmo havia sido o cupido do casal. Ela me convidou para ser padrinho, junto com a nossa outra amiga.
Fiquei feliz. De verdade. Mas também… não pude evitar um nó na garganta. Não era inveja, nem tristeza por ela estar “na frente”. Era uma pontinha amarga de solidão. Como eu, que juntei dois corações, ainda não conseguia me apaixonar? Será que estou fadado a ser como a Emily de A Noiva-Cadáver — sempre a dama de honra, nunca a noiva?
Já senti meu coração bater mais forte por alguém. Já pensei em levar a sério algum ficante. Mas sempre era algo morno, casual, quase automático. E parecia tão injusto seguir adiante com algo assim — não só comigo, mas com alguém que talvez estivesse mesmo disposto a me amar.
Esse tem sido o dilema da minha vida adulta:
depois dos vinte, as pessoas ficam mais fechadas, mais apressadas, mais cansadas. E parece cada vez mais difícil viver um amor real, que vá além de jantares casuais e conversas mornas no fim do expediente.
Talvez, um dia, eu aceite viver um amor calmo. Talvez escolha ser amado, mesmo sem sentir aquele fogo no peito. Talvez aceite construir uma história tranquila, só para não correr o risco de envelhecer sozinho. Porque a ideia de um túmulo solitário assusta mais do que gostaria de admitir.
Mas… lá no fundo, onde moram os segredos que a gente não tem coragem de contar nem para si mesmo, uma dúvida sempre vai sussurrar: E se?
E se eu tivesse esperado um pouco mais? E se eu tivesse me arriscado de verdade? Será que teria encontrado aquele alguém capaz de ser o protagonista dos meus desejos — e talvez, também, a minha perdição?
Aquele amor de cinema que sempre sonhei. O amor que arrepia a pele com um toque. Que acende fogos de artifício com um beijo. Que transforma o ordinário em poesia.
A resposta… como quase tudo na vida, eu ainda não sei.
Adorei seu texto. Mas o que você descreve como amor, na verdade é paixão. Eu sempre me apaixonava, rsrsrs. Aí conheci meu marido. Foi uma grande paixão, mais para mim, e demorou a passar. E te digo, quando passou parece que uma venda foi tirada dos meus olhos. Bem dizem que o amor é cedo, mas no meu caso foi a paixão. Agora acho que restou sim o amor. O amor é mais tranquilo, ele te dá paz. Não precisa de arroubos nem de drama. O amor é estar junto, no dia a dia, num café da manhã apressado, naquele abraço gostoso no meio da noite. Isso não precisa trazer borboletas no estômago, basta aquecer seu coração. É isso o amor, aquilo que te aquece.
Uau, que emoção! Até parece que eu tava ali no seu lugar...
Mas olha só: esses amores ou "quase" até podem ter sido carinhosos, podem ter te amado. Mas aí bate a dúvida: "Por que eu não amo? Por que é morno?"... Ou será que só não chegou a hora?
Talvez aquele amor de livro, aquele romance cheio de emoção das duas partes, ainda esteja por vir. E se não vier? Ah, com certeza você ainda vai morrer de paixão por alguém e vai ser recíproco.
Então, se você não aceita o "morno" agora, não tem nada de errado . Só quer dizer que você sabe o que merece. Mas é bom lembrar: aceitar o morno só pra não ficar sozinho é complicado... Porque no fundo, você não estaria amando estaria se conformando.
Mas ei seu texto já mostra que você sabe disso tudo. Só tá precisando se permitir acreditar que esperar não é perda de tempo... é amor próprio. E quando o seu 'romance de verdade' aparecer, nenhum filme vai conseguir capturar o que você vai sentir porque vai ser SEU.
Obs: talvez eu refleti demais e falei coisa com coisa?? Talvez mas amei a newsletter 🥲